A alimentação (direito garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos) é uma necessidade básica do ser humano. O organismo precisa dos alimentos como fonte de energia para a manutenção da vida (atividades vitais como a respiração e os batimentos cardíacos), o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo. A fome, portanto, é um risco para a saúde, já que compromete o bom funcionamento do organismo. Segundo a ONU, a fome mata mais pessoas anualmente do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas.
Nota-se que, especialmente em países subdesenvolvidos, existe um grande contingente de pessoas sofrendo com o problema da fome. Esses são indivíduos que não têm acesso à quantidade necessária de alimentos, o que leva a uma nutrição precária e tem como consequências diversos problemas de saúde, principalmente a baixa imunidade a doenças. Em uma pesquisa divulgada pelo IBGE no ano de 2010 consta o dado alarmante de que 11,2 milhões de brasileiros passam fome, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A ONU, diante desse grave problema, elegeu "Acabar com a fome e a miséria" como o primeiro dos "8 Objetivos do Milênio", metas que todos os países devem atingir até 2015.
No entanto, é necessário salientar que o problema não é a falta de alimentos. Segundo a ONU, existe comida no mundo suficiente para que todos tenham a nutrição adequada. O Brasil, por exemplo, é um país cuja produtividade agrícola cresce mais do que a mundial (dados de 2011 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mas que convive com a fome. O verdadeiro problema reside na má distribuição de renda e terras (desigualdade social), que, por sua vez, está relacionado à precária educação pública brasileira. Isso significa que uma grande parcela da população não tem acesso a uma educação de qualidade, o que leva à falta de qualificação profissional e ao desemprego/trabalho informal. O indivíduo nessa situação não tem os recursos financeiros para adquirir os alimentos de que necessita, problema que, por sua vez, também está relacionado à mercantilização da alimentação.
Sendo assim, o problema da fome é complexo e está relacionado a diversos outros fatores. No entanto, é essencial haver o entendimento de que a alimentação é necessidade básica do indivíduo, e portanto, deve ser garantido à pessoa o acesso ao alimento, seja direta ou indiretamente, dando-a os meios para adquirí-lo. É necessário que o governo tome medidas voltadas para a solução do problema a longo prazo, levando em conta problemas relacionados a ele, como a questão da educação pública. Medidas como o Bolsa Família podem aliviar temporariamente a situação de fome de alguns indivíduos, mas não vai tirá-los da condição precária em que vivem, muito menos acarretar em profundas mudanças no cenário de desigualdade social brasileiro.
Fontes dos dados estatísticos:
http://www.onu.org.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-a-fome-em-2012/
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/ibge-diz-que-11-2-milhoes-de-brasileiros-passam-fome
http://www.objetivosdomilenio.org.br/
http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/noticias/2012/01/produtividade-agricola-do-brasil-cresce-mais-do-que-a-mundial